terça-feira, 4 de junho de 2013

Por Eliseu Antonio Gomes




“Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” - Romanos 12.1.





Antes de tudo o mais, o crente precisa entender o significado da palavra culto e a sua relevância. Paulo, dirigindo-se à igreja, apelou aos crentes para que se reunissem em culto racional (grego: logikên latreian), isto é, não se deixassem escravizar pela força do hábito e transformassem o local e momento de ajuntamento em mero ponto de encontro da pessoas, onde a liturgia de culto fosse a tônica principal, as apresentações religiosas ocorressem sem devoção verdadeira das almas.





Adorando ao Senhor em casa



Quando Jesus instruiu acerca da oração, ensinou como e qual o local ideal para orar. A sugestão de oração é a fórmula Pai Nosso. O lugar mais apropriado para expressá-la é à sós, na intimidade do aposento em nosso lar (Mateus 6.5-13). Assim, Cristo demonstra que Deus é companheiro em todos os momentos da vida do ser humano, está conosco no seio familiar e pronto para ouvir a cada um que, particularmente, se prostra em adoração sincera.



O culto que agrada a Deus é realizado por quem usa seu raciocínio lógico. Sabe qual é o motivo de louvar e a quem louva. O culto doméstico é um culto realizado por uma família, dentro do lar, reunidos os membros e outras pessoas que desejam dele participar, momento em que é lida e explicada a Palavra de Deus e cânticos são entoados, orações são feitas.



Os mais importantes conceitos da vida são formados na intimidade familiar. Nenhum cristão deve cultuar a Deus apenas no horário de reuniões na igreja. É um enorme desperdício não usar o tempo vivido na residência para adorar ao Senhor, pois se assim fazemos ampliamos a comunhão com Ele e é solidificada a comunhão familiar e cristã.



As Escrituras Sagradas indicam que é mister os pais ensinarem seus filhos a guardarem os preceitos divinos. Na agitação da vida moderna, os filhos passam muito tempo fora de casa, ficam entregues às influências da cultura deste mundo e pouco tempo na companhia de seus pais. Convém, portanto, reservar espaço de tempo em que estão em casa tendo em vista a estruturação da fé das crianças. Os momentos de culto doméstico são períodos para transmitir a fé (Deuteronômio 4.9; Provérbios 22.9; Efésios 6.4).



"E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te" - Deuteronômio 6.6-7. "Assentando em sua casa": posição de descanso. "Andando pelo caminho": vivência da família em tarefas fora do lar. "Deitando-se": hora de dormir. "Levantando-se": ao acordar. Note que o culto familiar não se resume em alguns instantes do dia, a adoração ao Senhor deve ser incorporada ao cotidiano.



É salutar introduzir na rotina da casa o hábito da prática do culto doméstico. Não deve existir nada melhor do que examinar a Palavra de Deus junto com entes queridos. No ambiente familiar há aconchego diário, é o lugar em que coletivamente marido e esposa, pai e mãe, filhos e irmãos, possuem mais oportunidades de dedicarem momentos para ler e explanar conteúdo bíblico, entoar hinos e orar.



Se isso ocorre, é desenvolvido no coração das crianças o princípio da adoração a Deus, desperta nelas a vocação cristã, além de sedimentar em seus corações princípios morais. Tal experiência produz estabilidade espiritual, é fator de muita alegria e paz. Laços familiares que outrora eram de desavenças e desunião se fortalecem em afeição, amizade e harmonia. O exercício da santificação se instala entre todos. Surgem motivos para testemunhar a ação benéfica de Deus no âmbito familiar, os membros da família tornam-se participantes de bênçãos cuja origem são os momentos de cultos domésticos.



Enfim, o culto doméstico traz muitos benefícios aos servos de Deus, à igreja e à sociedade.



E.A.G.



Compilações intercaladas com textos próprios de quem assina o artigo:

Ensinador Cristão, ano 14, nº 54, página 40, abril-maio-junho de 2013, Rio de Janeiro - RJ (CPAD).

Lições Bíblicas -edição mestre, 2º trimestre de 2013, Elinaldo Renovato, Rio de Janeiro - RJ, (CPAD).

Lições Bíblicas - A Família Cristã no Século XXI, Elinaldo Renovato, 2º trimestre de 2013. Rio de Janeiro - RJ, CPAD.

Palavra Prudente (via Belverede), Neto Curvino,http://belverede.blogspot.com.br/2009/12/culto-racional.html .

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Quem era Naum?

Eliseu Antonio Gomes: CPAD – EBD 2012 – 4º trimestre: Naum e o limite to...: Quem era Naum? O nome Naum significa “consolo”, cujo ministério profético apresentaria a consolação do Senhor aos judeus de Judá. ...

Quem era Naum?






O nome Naum significa “consolo”, cujo ministério profético apresentaria a consolação do Senhor aos judeus de Judá.





Pouco se sabe acerca de Naum, exceto que talvez esteja na lista genealógica apresentada pelo evangelista Lucas, e que sua cidade natal era Elcos – de localização incerta, provavelmente seria Cafarnaum, pois em árabe “Kefr-Nahum” significa “cidade de Naum”.





De acordo com dados históricos apresentados no livro, cogita-se que o profeta tenha vivido durante o reinado de Josias e tenha sido contemporâneo de Sofonias e Jeremias, então um jovem.





O livro





O livro contém a visão de Naum. Apresenta a natureza de Deus. Revela de maneira magnífica uma extraordinária descrição do caráter de Deus, em especial no capítulo 1, versículos 2 ao 8.





O estilo literário do livro é poético e profético, uma mescla de expressiva descrição simbólica com a contundente e clara sinceridade da declaração profética. A data do livro é calculada de acordo com as evidências internas e fatos históricos conhecidos. Existem duas datas fixas entre as quais o livro deve ser situado. A primeira referência é a captura de Nõ Tebas, capital do alto Egito (3.8), que caiu perante os assírios entre os anos de 663 e 661 a.C. A segunda é quando Naum prediz a condenação iminente de Nínive (2.1; 3.14, 19). Portanto a obra tem de se situar em algum momento entre essa data e a subsequente queda de Nínive, em 612 a.C.



Naum escreveu anunciando a futura queda de Nínive, que no século VII a.C dominava Israel e quase todo o Oriente.



O ministério de Naum



Em data anterior à ministração profética de Naum, o profeta Jonas proclamou a destruição de Nínive (Jonas 3.4), quando os ninivitas se arrependeram e a condenação divina foi suspensa. Mas, após receberem a misericórdia divina, Nínive voltou a praticar iniquidade, desumanidade e soberba.



A Assíria já havia destruído Samaria, por volta de 722-721 a.C., o que resultou no cativeiro do Reino do Norte, Israel, e ameaçava Judá.



Por volta de 700 a.C, Senaqueribe, rei da Assíria, fez de Nínive a capital do império assírio e a cidade permaneceu assim até ser destruída, por este motivo Naum refere-se à Nínive representando-a como toda a nação Assíria.



O comandante do rei da Assíria, Senaqueribe, desafiara o poder do Deus de Ezequias. Este é um dos motivos de Naum ser levantado por Deus profetizando contra Nínive. A profecia em 1.11-14 tem seu cumprimento registrado detalhadamente em 2 Reis 18.35; 19.37.



O ministério de Naum tinha duplo propósito: predizer a destruição de Nínive, por causa de seus pecados, e diminuir a lastimável falta de esperança de Judá, demonstrando-lhes que as promessas de Deus são verdadeiras.



O erro de Judá



A primeira derrota dos judeus para os assírios foi a queda de Samaria (722-721 a.C), e do Reino do Norte em 701, a invasão de Senaqueribe (2 Reis 18.13 – 19.37; Isaías 36, 37 - que não foi uma investida totalmente bem sucedida). Deus nunca permitiu uma vitória bem consolidada dos assírios contra os judeus. Mas, Judá sentia falta de uma resposta segura a suas perguntas, e um desconsolo muito grande predominava na terra. De súbito a voz de Naum trovejou: “Nínive cairá. Deus preservará o seu povo”.



A mensagem de juízo que Naum entregou para Nínive foi profética para Judá. Judá mostrara-se infiel ao desconfiar de Deus e entrar em aliança com nações estrangeiras com a intenção que essas alianças aumentassem seu poderio. A condenação de Nínive lhe serviu de aviso divino.



O erro dos ninivitas



A Assíria era uma nação perversa que oprimia o povo de Deus. Era conhecida por viver à custa da pilhagem de outras nações. Seus reis eram retratados alegrando-se com os castigos sanguinários aplicados aos povos conquistados. O rei assírio Samaneser III orgulhava-se de ter levantado uma montanha de cadáveres com cabeças decapitadas em frente de uma cidade inimiga. Outros reis assírios empilhavam cadáveres, como se fossem lenhas, nas proximidades dos povos derrotados.



A Assíria cometia inúmeras atrocidades contra as nações que invadia: amputações, empalações, decapitações, incêndios. Cobrava tributos opressivos e infligia com pesada escravidão os povos conquistados.



Os assírios eram brutos e cruéis. Conduziam suas guerras com ferocidade aterrorizante, arraigavam populações inteiras como política nacional e as deportavam para outras partes de seu império. Os líderes derrotados eram torturados e horrivelmente mutilados antes de ser executados (3.3).



Por ter pecado desconsiderando a Deus, quanto à mensagem entregue por Jonas, a Assíria seria completamente destruída.



Semeadura e colheita



O auge da brutalidade dos ninivitas ocorreu durante o reinado de Assurbanipal, o último grande governante do império assírio (669-627), que subjugou o Egito e a quem o rei Manassés foi obrigado submeter-se como vassalo ( 2 Crônicas 33.11-13). O julgamento de Deus se cumpriu de maneira terrível, depois da morte deste rei, influência e o poder da Assíria entraram em declínio até ser destruída em 612 a.C.. O capítulo 2, versículos 1, 6, 9, trata de Ciaxares, comandante dos medos, e de Nabopolassar, o babilônio, que conquistaram Nínive. Os babilônios, citas e medos invadiram, saquearam e destruíram a cidade até não sobrar coisa alguma. A Assíria havia feito o mesmo com todos os países que capturara.



Nínive era uma cidade construída junto a três rios, o Tigre e rios menores, e se abastecia das águas deles por meio de canalizações que se estendiam ao redor e dentro de seu território. As entradas dos canais fluviais foram tomadas, as comportas foram estrategicamente fechadas e abertas pelos inimigos e as águas inundaram toda a cidade a ponto de ruir até o palácio real e outras construções mais baixas da cidade.





A invasão da Assíria contra Judá, durante o reinado de Manassés, foi o último ataque que esta nação pagã realizou.



Arqueologia





As muralhas de Assíria tinham aproximadamente 13 km de comprimento e 15 portões. Certo historiador da antiguidade, autor de Crônicas da Babilônia, narra um episódio em que uma grande inundação derrubou parte dessa muralha, por onde podemos aceitar a hipótese de que tenha sido o caminho de entrada dos medos, babilônios e citas. Este livro confirma o cumprimento da profecia de Naum, dizendo que os corações dos outrora insolentes e poderosos ninivitas se paralisaram ao haver grande quantidade de bens despojados.





Uma das peças arqueológicas da Assíria contém uma frase do rei Assurbanipal, na qual ele narra o tratamento dispensado a um líder vencido: “Coloquei nele uma corrente de cachorro e o obriguei a ocupar um canil no portão leste d Nínive” (Bíblia de Estudo NVI, página 1.553).



A história confirma que o então rei da Assíria morreu queimado dentro de seu palácio durante a invasão ocorrida em 612 a.C. Também, que o exército assírio dispersou-se sobre as montanhas da Arménia em 609 a.C., e que os soldados foram aniquilados por completo em 605 a.C..





No capítulo 3 e verso 11, Naum aponta para o fim e sumiço de Nínive. “se esconderás". Durante muitos séculos a localização de Nínive permaneceu desconhecida e a sua história considerada apenas uma lenda até que fosse redescoberta no século XIX d.C., mais exatamente por Layard e Botta em 1.842. Tal achado arqueológico revelou, confirmando a profecia de Naum, que o fogo contribuiu para a destruição da cidade.



Conclusão



A mensagem de Naum é pertinente para todas as épocas. Avisa que a justiça divina não suporta a vigência do poder humano que se assenta no orgulho. Fala aos que resistem a Deus, aos que são arrogantes, para quem despreza a Sua Palavra e deixam de confiar que Ele proverá e cuidará deles. Estes, inevitavelmente, experimentarão o juízo divino.



Quem confia em Deus será resgatado da vergonha e salvo da perdição eterna.



E.A.G.

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Compilações:



A Bíblia Anotada Expandida - Charles C. Ryrie; edição 2007; São Paulo; Editora Mundo Cristão.

Bíblia Almeida Século 21; edição 2008; São Paulo; Editora Vida Nova / Hagnos.

Bíblia de Estudo NVI; edição 2003; São Paulo; Editora Vida.

Os Doze Profetas Menores; Alexandre Coelho e Silas Daniel; 2012; Rio de Janeiro; CPAD.

Postado por Eliseu Antonio Gomes às 8:53:00 AM

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Pastor Ricardo Gondim afirma ser a favor da união civil gay: “Nem todas as relações homossexuais são promíscuas”

Pastor Ricardo Gondim afirma ser a favor da união civil gay: “Nem todas as relações homossexuais são promíscuas”








‘Deus nos livre de um Brasil evangélico?’ Quem afirma é um pastor, o cearense Ricardo Gondim. Segundo ele, o movimento neopentecostal se expande com um projeto de poder e imposição de valores, mas em seu crescimento estão as raízes da própria decadência.





Os evangélicos, diz Gondim, absorvem cada vez mais elementos do perfil religioso típico dos brasileiros, embora tendam a recrudescer em questões como o aborto e os direitos homossexuais.





Aos 57 anos, pastor há 34, Gondim é líder da Igreja Betesda e mestre em teologia pela Universidade Metodista. E tornou-se um dos mais populares críticos do mainstream evangélico, o que o transformou em alvo. “Sou o herege da vez”, diz na entrevista a seguir.





Carta Capital: Os evangélicos tiveram papel importante nas últimas eleições. O Brasil está se tornando um país mais influenciável pelo discurso desse movimento?

RG: Sim, mesmo porque, é notório o crescimento no número de evangélicos. Mas é importante fazer uma ponderação qualitativa. Quanto mais cresce, mais o movimento evangélico também se deixa influenciar. O rigor doutrinário e os valores típicos dos pequenos grupos de dispersam, e os evangélicos ficam mais próximos do perfil religioso típico do brasileiro.





CC: Como o senhor define esse perfil?

RG: Extremamente eclético e ecumênico. Pela primeira vez, temos evangélicos que pertencem também a comunidades católicas ou espíritas. Já se fala em um “evangelicalismo popular”, nos modelos do catolicismo popular, e em evangélicos não praticantes, o que não existia até pouco tempo atrás. O movimento cresce, mas perde força. E por isso tem de eleger alguns temas que lhe assegurem uma identidade. Nos Estados Unidos, a igreja se apega a três assuntos: aborto, homossexualidade e a influência islâmica no mundo. No Brasil, não é diferente. Existe um conservadorismo extremo nessas áreas, mas um relaxamento em outras. Há aberrações éticas enormes.





O senhor escreveu um artigo intitulado “Deus nos Livre de um Brasil Evangélico”. Por que um pastor evangélico afirma isso?

Porque esse projeto impõe não só a espiritualidade, mas toda a cultura, estética e cosmovisão do mundo evangélico, o que não é de nenhum modo desejável. Seria a talebanização do Brasil. Precisamos da diversidade cultural e religiosa. O movimento evangélico se expande com a proposta de ser a maioria, para poder cada vez mais definir o rumo das eleições e, quem sabe, escolher o presidente da República. Isso fica muito claro no projeto da igreja Universal. O objetivo de ter o pastor no Congresso, nas instâncias de poder, pode facilitar a expansão da igreja. E, nesse sentido, o movimento é maquiavélico. Se é para salvar o Brasil da perdição, os fins justificam os meios.





O movimento americano é a grande inspiração para os evangélicos no Brasil?

O movimento brasileiro é filho direto do fundamentalismo norte-americano. Os Estados Unidos exportam seu american way of life de várias maneiras, e a igreja evangélica é uma das principais. As lideranças daqui leem basicamente os autores norte-americanos e neles buscam toda a sua espiritualidade, teologia e normatização comportamental. A igreja americana é pragmática, gerencial, o que é muito próprio daquela cultura. Funciona como uma agência prestadora de serviços religiosos. de cura, libertação, prosperidade financeira. Em um país como o Brasil, onde quase todos nascem católicos, a igreja evangélica precisa ser extremamente ágil, pragmática e oferecer resultados para se impor. É uma lógica individualista e antiética. Um ensino muito comum nas igrejas é de que Deus abre portas de emprego para os fiéis.





Eu ensino minha comunidade a se desvincular dessa linguagem. Nós nos revoltamos quando ouvimos que algum político abriu uma porta para o apadrinhado. Por que seria diferente com Deus?

O senhor afirma que a igreja evangélica brasileira está em decadência, mas o movimento continua a crescer.

Uma igreja que, para se sustentar, precisa de campanhas cada vez mais mirabolantes, um discurso cada vez mais histriônico e promessas cada vez mais absurdas está em decadência. Se para ter a sua adesão eu preciso apelar a valores cada vez mais primitivos e sensoriais e produzir o medo do mundo mágico, transcendental, então a minha mensagem está fragilizada.





Pode-se dizer o mesmo do movimento norte-americano?

Muitos dizem que sim, apesar dos números. Há um entusiasmo crescente dos mesmos, mas uma rejeição cada vez maior dos que estão de fora. Hoje, nos Estados Unidos, uma pessoa que não tenha sido criada no meio e que tenha um mínimo de senso crítico nunca vai se aproximar dessa igreja, associada ao Bush, à intolerância em todos os sentidos, ao Tea Party, à guerra.





O senhor é a favor da união civil entre homossexuais?

Sou a favor. O Brasil é uni país laico. Minhas convicções de fé não podem influenciar, tampouco atropelar o direito de outros. Temos de respeitar as necessidades e aspirações que surgem a partir de outra realidade social. A comunidade gay aspira por relacionamentos juridicamente estáveis. A nação tem de considerar essa demanda. E a igreja deve entender que nem todas as relações homossexuais são promíscuas. Tenho minhas posições contra a promiscuidade, que considero ruim para as relações humanas, mas isso não tem uma relação estreita com a homossexualidade ou heterossexualidade.





O senhor enfrenta muita oposição de seus pares?

Muita! Fui eleito o herege da vez. Entre outras coisas, porque advogo a tese de que a teologia de um Deus títere, controlador da história, não cabe mais. Pode ter cabido na era medieval, mas não hoje. O Deus em que creio não controla, mas ama. É incompatível a existência de um Deus controlador com a liberdade humana. Se Deus é bom e onipotente, e coisas ruins acontecem., então há algo errado com esse pressuposto. Minha resposta é que Deus não está no controle. A favela, o córrego poluído, a tragédia, a guerra, não têm nada a ver com Deus. Concordo muito com Simone Weil, uma judia convertida ao catolicismo durante a Segunda Guerra Mundial, quando diz que o mundo só é possível pela ausência de Deus. Vivemos como se Deus não existisse, porque só assim nos tornamos cidadãos responsáveis, nos humanizamos, lutamos pela vida, pelo bem. A visão de Deus como um pai todo-poderoso, que vai me proteger, poupar, socorrer e abrir portas é infantilizadora da vida.





Mas os movimentos cristãos foram sempre na direção oposta.

Não necessariamente. Para alguns autores, a decadência do protestantismo na Europa não é, verdadeiramente, uma decadência, mas o cumprimento de seus objetivos: igrejas vazias e cidadãos cada vez mais cidadãos, mais preocupados com a questão dos direitos humanos, do bom trato da vida e do meio ambiente.









Fonte: Carta Capital

terça-feira, 19 de outubro de 2010